Estamos a poucos dias de celebrar a Páscoa. Temos vindo a rezar com o Papa esta Quaresma. Mas, então, o que mudou em nós? Nesta semana Santa que hoje se inicia, olharemos para dois jovens do Evangelho com atitudes bem distintas…
Leitura Bíblica (Mc 14, 43-52)
E logo, ainda Ele estava a falar, chegou Judas, um dos Doze, e, com ele, muito povo com espadas e varapaus, da parte dos sumos sacerdotes, dos doutores da Lei e dos anciãos. Ora, o que o ia entregar tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar é esse mesmo; prendei-o e levai-o bem guardado.»
Mal chegou, aproximou-se de Jesus, dizendo: «Mestre!»; e beijou-o. Os outros deitaram-lhe as mãos e prenderam-no. Então, um dos que estavam presentes, puxando da espada, feriu o criado do Sumo Sacerdote e cortou-lhe uma orelha. E tomando a palavra, Jesus disse-lhes: «Como se eu fosse um salteador, viestes com espadas e varapaus para me prender! Estava todos os dias junto de vós, no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas é para se cumprirem as Escrituras.» Então, os discípulos, deixando-o, fugiram todos. Um certo jovem, que o seguia envolto apenas num lençol, foi preso; mas ele, deixando o lençol, fugiu nu.
Reflexão sobre o texto
A Palavra de hoje mostra-nos um rapaz que segue Jesus. Está ali mas parece não ter compromisso. “Andava com Jesus”…
Nós jovens, hoje, também “andamos com…”. No namoro, nas amizades, no trabalho… Andamos. As coisas e as pessoas vão-se tornando descartáveis. Quando aparecem contrariedades, afastamo-nos, apagamos do Facebook. Com a Igreja e com Jesus, vai sendo assim também. Sem compromisso, sem raízes.
Aquele jovem estava embrulhado ao lençol porquê? Teria ele saído da cama para ver o que ia acontecer? Para depois de ver “aquele espectáculo” e depois voltar para a cama?
Aquele jovem estava ali casualmente. Veio pontualmente ver Jesus. Veio estar com Jesus naquela noite e depois fugiu. Como muitos. Vêm estar com Jesus e depois voltam aos seus afazeres e, quando Jesus deixa de lhes dar quentinho no coração, vão embora. Quando alguma dificuldade vem nas suas vidas, saem, afastam-se e deixam Jesus de lado. Mas ser cristão não é uma coisa de sentimentos ou de emoções. Deve ser uma forma de ser e de estar. Deve supor fidelidade. Jesus não precisa de ti só quando O sentes na tua vida. Jesus precisa de ti na Sua Igreja todos os dias. Assim e só assim cumprirás o teu papel na Igreja e no Mundo.
Somos parte da “geração telecomando”: quando estamos a gostar, mantemos o canal e vamos vendo o programa. Quando o que gostamos termina, mudamos de canal. Até podemos ir ver os vídeos que queremos, controlando a nossa televisão com o smartphone. Com Jesus, somos iguais. Enquanto nos dá jeito, vemos, ouvimos, escutamos. Quando não interessa, habituados aos comandos que nos comandam, desligamos, mudamos o canal, relativizamos. Será este o caminho a seguir?
Passando para a minha vida…
- Reconheço-me nesta atitude de quem só procura a Igreja quando sente “quentinho no coração”? Também eu uso lençol e fugo quando há dificuldades?
- Faço parte da “geração telecomando”?
- Qual o meu tipo de fé? Aquela que se propõe a seguir Jesus procurando esclarecer o que não compreendo? Ou uma “fé seletiva” que me faz desligar quando não me apetece seguir o que Jesus e a Igreja propõem?
Da Palavra para a vida:
Que outros desafios se podem propor a um jovem cristão que não seja viver a Semana Maior, nos seus momentos e celebrações paroquiais e de acompanhar Jesus da Ceia ao Calvário aguardando, depois a Ressureição? Pois bem, este é o teu desafio. Participa nas celebrações da Páscoa e vive-as intensamente. Não fujas nú… Porque para a semana serás desafiado a mais…