Kiyia Vuran Insanlink – “Naufrágio da humanidade”. Foram doze pessoas, entre as quais crianças. Morreram numa fuga a uma morte certa. Morreram na esperança de encontrar um lugar de paz, longe do sofrimento e da dor da guerra.
Têm sido muitas as notícias, as fotografias e os comentários feitos em várias redes sociais sobre a fuga de milhares de pessoas nos últimos meses. Provenientes, principalmente, da Síria, estes homens, mulheres e crianças procuram um lugar de paz em solo europeu. Como dizia uma das crianças refugiadas “não queremos ir para a Europa, queremos que a guerra acabe na Síria”. A par da fuga têm-se levantado questões sociais. Para onde irão estes homens e mulheres? Não me canso de o repetir: homens e mulheres. Mais do que migrantes, mais do que refugiados, são homens e mulheres – são seres-humanos. Parece que os meios de comunicação, que o público que se manifesta contra o acolhimento destes homens e mulheres perdeu essa noção. Perdeu a noção de Humanidade. O que os preocupa não é o destino sofredor, não são os padecimentos e complicações de tão longa viagem. Não. O que os preocupa é a possibilidade de serem mais uns “a roubar trabalho aos que cá estão”. É doloroso ouvir isto, é doloroso ver a indiferença das pessoas, é doloroso ver a violência policial para com aqueles que tentam passar a fronteira, é doloroso saber de um muro construído para que estes homens e mulheres não entrem no país, é doloroso ver aquela criança morta na praia e nós sem a podermos acolher nos braços.
Não foram só 12 que morreram no naufrágio; não foram só 71 que morreram no camião na Áustria, são muitos outros que morreram pelo caminho e outros que morrem ainda em terreno sírio, são ainda aqueles que morrem já nos campos de refugiados por falta de condições. Campos esses dos quais já se fala de futuros campos de concentração. Onde está a Humanidade nestes momentos? Onde está o respeito pelo outro?
Não podemos ficar indiferentes, afinal o que seríamos nós se o fossemos? Onde estaríamos a viver e a ser o Amor de Deus nos nossos irmãos? No meio dos gritos de dor, das lágrimas derramadas, dos colos e corações apertados de mães e de pais que neste preciso momento tentam salvar os seus filhos, tentam fugir de algo que não foi por eles criado, resta-nos rezar. Resta-nos a esperança de que as nossas orações serão ouvidas e que estes milhares de homens, mulheres e criança voltarão a ter uma vida de paz, uma vida onde o Amor de Deus se faça presente.
Filipa Oliveira