São famílias católicas, algumas com vários filhos, e que pertencem ao movimento das Famílias de Caná. Evangelizam com a sua experiência de fé vivida em família no dia-a-dia. Rezam em família no seu cantinho da oração, ensinam a fé aos filhos através de histórias com personagens do Antigo e do Novo Testamento, participam em retiros com a família toda… Um novo movimento de apostolado familiar com um novo fulgor para as nossas famílias católicas.
O que eles nos ensinam? Que é possível! Isso mesmo: é possível e faz sentido.
É possível e faz sentido rezar em família no meio da correria semanal. Ensinam-nos que a transmissão da fé não se faz academicamente e não tem de se esperar pela catequese mas é, sobretudo, uma missão da família. Ensinam-nos que contar histórias da Bíblia aos filhos vale a pena. Ensinam-nos que a proposta do Evangelho é válida para as famílias de hoje e que é base daqueles valores que nos fazem à vida.
Para conhecer o movimento podemos ler o post “As Famílias de Caná”, por Teresa Power.
As Bodas de Caná
“Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados.” (Jo 2, 1-2)
Quem seriam os noivos destas Bodas? Naturalmente que eram grandes amigos de Jesus e Maria, que com a sua presença, santificaram esta família nascente, antecipando toda a força e beleza do sacramento do matrimónio. Mas o autor do quarto Evangelho, das Cartas e do Apocalipse aponta para outras bodas: as Bodas do Cordeiro, anunciadas ao longo de toda a Bíblia, da primeira à última página. Nelas, Jesus é o Esposo, e cada um de nós e a Igreja inteira é a Esposa.
As Bodas de Caná são a celebração da família, que se abre ao amor infinito de Deus; mas são também a celebração do amor único e eterno entre Deus e cada um de nós.
Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná
Nas Bodas de Caná, Maria antecipou-se a hora de Jesus; mas antecipou-se também a sua hora como Aquela que intercede por nós junto de Deus. A Mãe de Caná é assim, nos Evangelhos, a imagem mais perfeita da Senhora Auxiliadora dos cristãos.
As Famílias de Caná nasceram à sombra do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Mogofores (santuário e colégio salesiano no concelho de Anadia), e têm na Mãe de Caná a sua Rainha.
Famílias de Caná
Ser Família de Caná é um estilo de vida, uma forma particular de ser família na grande família da Igreja Católica.
A Família de Caná nasce das raízes hebraicas da fé cristã e cresce no jardim de Nossa Senhora. Como toda a árvore, conhece-se pelos frutos (cf. Mt 12, 33). O fruto distintivo da família cristã é o amor. Diziam os pagãos ao falarem dos primeiros cristãos, segundo Tertuliano: “Vede como eles se amam!” E assim deve continuar a ser hoje.
No Judaísmo, a fé vive-se e celebra-se primeiramente em família. “Eu e a minha família serviremos o Senhor” (Jos 24, 15) proclamou Josué ao chegar a Canaã. As Famílias de Caná querem ser Igrejas Domésticas, pequenos oásis de fé cristã verdadeiramente vivida e celebrada, onde educar seja desafiar para a santidade e crescer seja uma aventura rumo ao Céu.
As cinco pedrinhas de David
Como se faz isso? Propomos “cinco pedrinhas”, tantas quantas David recolheu no leito do rio para com elas vencer o gigante Golias (Cf. 1Sam 17):
1 – Consagração a Nossa Senhora
A Família de Caná começa o dia com a sua consagração a Maria, nossa Mãe e Rainha.
Invocação
“Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, ensina-nos a fazer tudo o que Jesus nos disser!”
Consagração
“Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná,
Consagramos-te hoje e sempre a nossa família.
Confiamos na tua intercessão de mãe,
Para que o vinho da fé, da esperança e do amor
Nunca acabe em nossa casa.
Faz de nós servos do Senhor, como tu,
E ensina-nos a fazer
Tudo o que Jesus nos disser.
Ámen!”
2 – Vida sacramental
A Família de Caná procura encontrar-se com Jesus através dos sacramentos: o matrimónio, fundador da família; o batismo dos filhos; a eucaristia dominical e a adoração eucarística frequente; a confissão mensal; a unção dos doentes sempre que necessária.
3 – O canto de oração
A Família de Caná constrói em casa um lugar para a oração e aí se reúne uma vez por dia, em clima de alegria, simplicidade e disponibilidade para fazer o que Jesus disser.
4 – O Rosário e a Bíblia
Como na casa de Nazaré, a Família de Caná conta as histórias da Bíblia e medita nos mistérios da vida de Jesus, na companhia de Maria, para com ela aprender a fazer o que Jesus disser.
O “Shemá”, aperfeiçoado por Jesus, marca o início e o fim de cada dia:
Shemá
“Escuta Israel
O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor com todo o teu coração
Com toda a tua alma e com todas as tuas forças
E amarás o próximo como a ti mesmo.
Faz isto e serás feliz.
Ámen!” (Lc 10, 27-28)
5 – Visitação
Como Maria em casa de Isabel, em Nazaré, em Caná e em Jerusalém, a Família de Caná “visita” o seu próximo, servindo-o com amor e levando-lhe Jesus.
Compromisso
Ser Família de Caná é um compromisso familiar do cristão, sem qualquer ato público ou distintivo exterior. As Famílias de Caná devem procurar viver a sua fé nas paróquias onde vivem, estando disponíveis para fazer tudo o que Jesus disser.
Para as auxiliar nesta caminhada de santidade, ser-lhes-ão propostos retiros e encontros, e todos os primeiros sábados receberão via correio eletrónico uma curta meditação.
Quem quiser experimentar esta forma de ser Igreja poderá contactar a Família Power, enviando um e-mail para ntpower@sapo.pt, dirigido a Teresa Power e tendo como Assunto “Famílias de Caná”.
Teresa Power já escreveu três volumes dos “Mistérios da Fé”, editados pelas Edições Salesianas, sobre a sua experiência de evangelização em família. Trata-se de um itinerário de evangelização a partir da recitação do terço e que nasce «da experiência de oração diária de uma família. Recuperando a tradição judaica de contar e recordar as histórias do povo de Deus, criaram um itinerário de evangelização a partir da recitação do terço. Através dos diferentes mistérios, vamos acompanhando a vida de Jesus, desde o anúncio do seu nascimento até à sua morte e ressurreição. Tal como Maria, vamos meditando a Palavra no nosso coração e interiorizando que Jesus, mais do que um homem extraordinário, é o cumprimento de todas as profecias anunciadas no Antigo Testamento.»
Entrevistas à Teresa na Rádio de Vagos a propósito da evangelização em família, clique aqui (a partir dos 7’42”).
Sobre os livros publicados, clica aqui.
Entrevista de família para a Rádio Terra Nova, clica aqui.
FAMILIAS DE CANÁ
Existem vários blogs de outras famílias ligadas a este movimento que vão partilhando online as suas aventuras no caminho da santidade cristã.
Por exemplo, uma outra família com três filhos partilha a sua caminhada no blog.
Esta família, que arriscou também no desafio da adoção, conta que: «Desde o dia 24 de maio de 2014 tornámo-nos uma Família de Caná, e desde então as nossas rotinas diárias alteraram-se para melhor. Passamos mais tempo juntos, vemos menos televisão, contamos histórias, conversamos, fazemos projetos para o futuro!
Sempre que possível juntamo-nos a outras famílias em dias de retiro onde trocamos ideias, onde conversamos e onde nos divertimos sempre muito, são assim umas mini-férias e uma forma de carregar as nossas baterias, uma forma de nos irmos mantendo no rumo certo!»
Podemos ver também os testemunhos…
Da família Almeida
Da família Le Blanc
Da família Duarte Sousa
Existem ainda outros bloggers ligados às Famílias de Caná como o de “uma jovem católica“. A Marisa, estudante de Medicina, diz na sua apresentação: «No meu blog partilho a minha caminhada em busca da santidade, da fé, das obras, da caridade, do amor incondicional ao próximo. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a Alegria do Evangelho!»
E conta-nos a sua história da ligação ao movimento:
«Desde a Páscoa deste ano que a minha vida se tornou muito diferente. E desde o Retiro das Famílias de Caná ainda mais! Apresento-vos algumas das principais mudanças na minha vida:
• Rezo o terço diariamente.
• Vou, pelo menos, semanalmente à missa.
• Confesso-me, pelo menos, mensalmente.
• Alterei bastante a forma como me visto.
• Mudei a forma como falo, como interajo com os outros e como me movimento.
• Comecei a restringir e a limitar fortemente o que via na televisão, a música que ouvia e o que lia, quer em livros quer na internet.
• Os meus interesses, como consequência, também mudaram drasticamente. Neste momento, todo o tempo livre que tenho é dedicado ou ao estudo da Palavra, ou a aprender a ser mulher, mãe e dona de casa.
• Por fim, tenho tentado alterar os meus pensamentos: o que penso e a maneira como o faço.
• E este passou a ser o grande lema da minha vida: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Que a vossa bondade seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Apresentai a Deus todas as vossas necessidades através da oração e da súplica, em acção de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda a compreensão, guardará em Jesus Cristo os vossos corações e os vossos pensamentos. Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é honroso, tudo o que é virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor. Praticai tudo o que aprendestes e recebestes como herança, o que ouvistes e observastes em mim. Então o Deus da paz estará convosco.” (Filip. 4:4-9)»
Ou ainda o de uma mãe e filha em “Uma Caravana no Deserto” que fazem o seu caminho de santidade juntas.
Creio que, por vezes, passamos demasiado tempo à espera de situações ideais para fazer alguma coisa, ou achamos que falar do Evangelho de Cristo é coisa ultrapassada. Pessoas que mudam a sua forma de viver o dia-a-dia, que trazem o Evangelho na boca e no coração e que, com luta, o procuram colocar em prática até já nos parecem “fundamentalistas religiosos” mas, o que é certo, é que é possível, em família, faz-nos falta e faz-nos bem. Famílias reunidas à volta da Palavra e que nos mostram que a santidade é uma coisa do dia-a-dia.
RC