“O que nos move até Ti? Porque nos impeles a ir mais longe?
Este foi o confronto imediato com a Tua cruz, aquela que São João Paulo II confiou aos jovens da Europa, quando os uniu nas Jornadas Mundiais da Juventude.
O mistério da nossa Fé passa por ela, pela cruz, pela Tua cruz Pai, pela cruz do Teu Jesus que nos entregaste Homem para que Tu, sim Tu, sentisses na carne as tentações e as dores humanas. E foi através dela, dessa mesma cruz, que O levaste de novo para junto de Ti, redimindo-nos das nossas dores, também. Que dimensão ganha todo este Amor vivido e materializado numa cruz? Não “numa” cruz, não! Mas na cruz do Teu Amor. E foi nele, neste Amor que gratuitamente todos os dias recebemos de Ti, que fomos agraciados com a presença desta cruz, símbolo da união entre os países deste continente.
Concedeste-nos a graça de a receber das mãos dos irmãos da Diocese de Portalegre/Castelo Branco. Já Te vivi numa Jornada Mundial da Juventude (em 2011), vi-Te, senti-Te, vivi-te em Madrid, fui arrebatada pela globalidade do teu Amor, cantado, orado, agradecido, perdoado, de uma ponta à outra do mundo. E este ano, em que faço caminho para as Jornadas de Cracóvia pude receber-Te nela, na cruz do Teu Amor. A nossa Diocese viveu-Te nela, foi ao longo de uma semana continuando a fazer este caminho até Ti, e vê que até nos chegas na Quaresma: o Senhor da cruz, o Senhor que é cruz, o Senhor que nos deixou a cruz, e que só nos pede coração disponível para servir e amar e pés ao caminho, para Ti!
Reunimo-nos em Vigília no passado dia 27 de fevereiro, sábado, na Sé de Santarém. Ali estavas Tu de novo, na Tua Cruz, no Teu Amor. Impossível não Te sentir ali, assim: simples, puro, humilde no dar-Te, na cruz que é Tua. E nós, pequenos na nossa humanidade, entregando-Te apenas isso, nós mesmos: esse dom concedido pelo Teu Amor misericordioso. Tomaste-nos pela mão, conquistaste-nos pelo olhar, pela contemplação da Tua cruz e levaste as nossas fraquezas através da partilha. É verdade… Contigo a nossa cruz fica mais leve, porque partilhas connosco o seu peso. Pudéssemos nós ter feito o mesmo com o Teu Jesus. E não podemos ainda?! Sim! Em mais essa graça foste misericordioso! Deste-nos irmãos para amar, para cuidar, para que também neles vejamos a Tua face!
Tomámos em partilha a cruz de cada um e unidos trouxemo-la connosco a fim de a tornarmos menos penosa para cada um. Reuniste-nos pequenos, os teus filhos peregrinos que Te buscam e apenas nos pediste uma coisa: que nos convertamos! É este o caminho para Ti, Pai. Foi nesta humilde vivência do Teu Amor, que Te acolhemos, que Te pudemos dizer “Sim”, ali diante daquela Tua cruz de Amor, que une um continente aos restantes. Que une cada um de nós aqui neste mundo.
E como tudo o que é Teu, ela seguiu fisicamente para a Diocese de Lisboa, permanecendo contudo connosco, bem viva, dentro de cada um de nós, que a viu, tocou, rezou e se entregou perante ela. Tu vives em nós através dela, da cruz do Teu Amor. Que seja ela o horizonte do nosso peregrinar, que seja ela que encontremos em Cracóvia, conscientes da graça que nos deste ao partilhá-la connosco.”
Tatiana Ira