De 26 de Dezembro de 2018 a 1 de Janeiro de 2019 tive a oportunidade de estar uns dias em Madrid, para participar em mais um encontro europeu de Taizé.
Eu e mais um amigo, o Gonçalo, ficámos acolhidos em casa de um casal venezuelano, com três filhos! Tinham chegado a Madrid há sensivelmente um ano e meio, e ainda tinham algumas dificuldades económicas. Várias pessoas que acolheram os jovens do encontro eram imigrantes da América Latina.
Um aspecto que me tocou bastante foi a história de como os nossos anfitriões conheceram Taizé. À mesa, o Gonçalo perguntou como tinham conhecido Taizé, e em resposta, o Diego contou-nos que no verão anterior estavam com dificuldades económicas, e ele, sem saber o que fazer, rezou, foi à missa e pediu ajuda, porque estavam sem dinheiro para as férias ou para voltar à Venezuela. Nisto, as coisas melhoraram no trabalho (trabalhava em dois sítios) e a mulher arranjou emprego. Passadas algumas semanas, ouviram falar de Taizé, e de que viriam uns jovens a Madrid para a Peregrinação de Confiança sobre a Terra (o nome oficial do encontro proposto pela Comunidade de Taizé), e o Diego percebeu “Ok. É a minha vez (de ajudar).”
Durante os dias do encontro, falou-se muito de hospitalidade, de acolhimento, confiança e paz. Cito dois momentos das meditações que o irmão Alois ia lendo, nos vários dias, aos jovens.
“A hospitalidade aproxima-nos, além das diferenças e mesmo das divisões que existem, entre cristãos, entre religiões, entre crentes e não crentes, entre povos, entre opções de vida ou opiniões políticas. É certo que a hospitalidade não cola essas divisões, mas faz-nos observá-las sob uma outra luz: torna-nos aptos a escutar e ao diálogo.”
“Somos todos parte da mesma família humana. Mais do que nunca, precisamos uns dos outros. “
Estas palavras devem merecer sempre atenção da nossa parte, quando encontramos um mundo dividido pelas mais variadas razões, e sabemos que há pessoas que morrem por serem cristãos, muçulmanos, budistas, etc. Contudo, devemos perceber também que cada um de nós é, por vezes, causa destas mesmas divisões. Gostamos de acolher quem conhecemos e gostamos, mas rapidamente rejeitamos quem é “demasiado diferente para merecer” o nosso acolhimento.
Será que, enquanto cristãos, enquanto Igreja, não devemos, através do nosso acolhimento físico, psicológico e espiritual, mostrar uns aos outros, e a toda a humanidade que, antes de mais nada, Deus acolhe? Que, antes de mais nada, Deus é amor?