A Missão País é um projeto católico de jovens universitários que, em grupos de aproximadamente 50 missionários, durante uma semana rumam a uma aldeia/vila portuguesa para aí desenvolver ações de voluntariado. Nesses dias, procuram fazer da sua presença motivo de alegria para todos e, pelo encontro pessoal e partilha generosa de dons, levam e encontram Jesus.
Há 10 anos que a minha faculdade se associa a este movimento e, desta vez, foi para Alcanede que partiram os 56 missionários, acompanhados por um sacerdote. Foi o primeiro de três anos de compromisso nesta freguesia e, para mim, a primeira aventura de Cruz Missionária ao pescoço. A gratidão e a alegria do regresso são inexprimíveis!
Desde o primeiro momento, fomos acolhidos pela comunidade com um carinho e entusiasmo imensos. A disponibilidade de todos e a bondade sem reservas eram palpáveis em cada lugar: na junta que nos abriu as portas, na escola onde demos aulas, no jardim de infância onde brincamos com os mais pequenitos, nas capelas em que diariamente rezamos o terço e celebramos missa, nos lares de idosos e no “porta a porta” pelas povoações – onde a abertura à “visita” foi verdadeira Graça a contemplar.
Em cada encontro, senti como éramos amados e desejados e sei que fomos visitados por aqueles que íamos visitar. Guardo para sempre a certeza de que nenhum gesto de Amor, por mais pequeno que seja, passa alguma vez despercebido ou é desperdiçado!
Aos poucos, e acima de tudo, tornava-se claro: a Missão vivia da oração. Tanto a recitação do terço e a Eucaristia, na paróquia, ao entardecer, como a oração em grupo a cada início e findar do dia, eram o sustento de tudo quanto fazíamos e aquilo que nos permitia estar, verdadeiramente, em comunhão. Pela oração, fomos instrumento(s) de Deus – e Ela, a Mãe, a Grande Missionária, fez milagres.
Por isso, com o passar dos dias, o grupo crescia naturalmente em união, por entre muita alegria e espírito de brincadeira. As refeições temperavam-se de gargalhadas e partilha dos dons recebidos, e os serões sempre ricos mostraram-me algo muito bonito: mais do que colegas numa caminhada de 6 anos, temos, uns nos outros, companheiros de Caminho.
A despedida de Alcanede foi gradual – com o Teatro, o Arraial e a Vigília de Oração com a comunidade -, e assim também a preparação do coração para os desafios do regresso a Lisboa e à faculdade.
Desta semana, só o tempo revelará os frutos. Para trás, procuramos deixar sementes de esperança e alegria; para a frente, trouxemos a gratidão maravilhada pela desproporcionalidade do Bem recebido e a vontade imensa de, a cada dia, crescermos no Amor concreto e pessoal, que não olha a rostos ou eloquência de palavras, mas à simplicidade de um coração terno e disponível, que nos aguarda e interpela – tanto ao nosso lado como nas mais diversas periferias existenciais.
Maria Felício
Faculdade de Ciências Médicas