Há quinze dias falamos um pouco sobre recomeços. Hoje propomos um olhar para trás, um olhar sobre aquilo que somos, que já fomos e de onde viemos. O mês de agosto é o mês do regresso às origens, um mês de regresso e de reencontro para muitos que, por variadas razões, têm de sair do seu país em busca de melhores condições de vida.
Agora que este mês já passou, que as férias, os rebuliços familiares já acalmaram falo-vos um pouco destas origens. Tenho vindo a rezar a necessidade de voltarmos “ao básico”, de voltar ao que fui há algum tempo para corrigir alguns dos erros do crescimento que possa ter cometido. A mudança é boa, mas há também que olhar essa mudança “em perspetiva” e percebermos se aquilo que mudamos nos fez realmente crescer para o Bem e para a melhor versão de nós, ou se, durante essa transformação, não acabamos por ser corrompidos. Muito concretamente, a nossa vontade de nos superarmos constantemente, de sermos melhores hoje do que ontem, pode acabar por fazer com que nos enchamos de um orgulhoso eu, de um eu tão cheio de si mesmo e das conquistas que alcançou que acaba por se esquecer do ser humilde que outrora foi.
Posto isto, proponho que olhes para ti: para a Maria, o João, o António, a Ana de há alguns anos; olha para esse “eu” e para o pouco que tinhas e eras. Agora analisa-te: sem pretensões futuras; sem pensares no quanto mudaste e/ou cresceste, mas sim o que mudaste, o que és agora e eras há algum tempo. Em que medida te aproximaste de Deus, o que te tornou mais próximo de cumprir o plano que Ele tem para ti? Se no fim das contas feitas te tiveres apercebido de que houve momentos em que viveste mais focado em ti, em que foste mais egoísta do que era suposto. Isso não foi crescer. Mas tem cuidado com a análise que fazes de ti: o truque aqui é que haja um equilíbrio, não menosprezes o quanto mudaste, não menosprezes o ser de luz que és; mas também não te exaltes demais, não te consideres a fonte de luz.
Volta então à origem… volta à simplicidade do teu coração e da tua vida…
Filipa Oliveira