Papa lança Igreja ao encontro dos jovens, sem medo de superar barreiras e «preconceitos»
A 15ª assembleia geral ordinária do sinodo dos Bispos, que teve o seu inicio hoje, e que decorrerá na cidade do Vaticano, até ao próximo dia 28 de Outubro, tem como tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Este Sínodo conta com 267 representantes dos episcopados católicos, além de especialistas e convidados, entre eles 34 jovens, com idades dos 18 aos 29 anos. Pela primeira vez estão presentes num Sínodo dois bispos católicos da China, após o acordo provisório entre a Santa Sé e Pequim. A representar a Conferência Episcopal Portuguesa estão os bispos D. Joaquim Mendes e D. António Augusto Azevedo, da Comissão Episcopal do Laicado e Família e da Comissão episcopal das vocações e ministérios, respetivamente.
O Sínodo, que quer dar voz aos jovens, teve início esta manhã com a Eucaristia da praça de S. Pedro. O Papa defendeu uma igreja católica capaz de falar aos jovens, sem barreiras nem preconceitos:
«Começamos um novo encontro eclesial capaz de ampliar horizontes, dilatar o coração e transformar as estruturas que hoje nos paralisam, separam e afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos duma comunidade de fé que os apoie, dum horizonte de sentido e de vida”; declarou o Papa na homilia da Missa de abertura na praça de S. Pedro.
Os relatórios iniciais da assembleia sublinham, entre os temas que vão ser abordados nos trabalhos, as “questões complexas” que os jovens levantam. «É necessário deixar-se interpelar pelas suas inquietações, mesmo quando colocam em causa a práxis da Igreja, por exemplo na vivacidade da liturgia ou no papel da mulher, ou dizem respeito a questões complexas como a afetividade ou a sexualidade», disse o cardeal brasileiro D. Sérgio da Rocha, relator-geral do Sínodo.
No discurso de abertura do sínodo, já na aula sinodal e depois da oração inicial, o Papa Francisco desafiou aos participantes à partilha, ao diálogo, à escuta e ao discernimento como procedimento interior enraizado num acto de fé, de modo que o sínodo seja sinal de uma igreja à escuta e em caminho. De facto, o «o caminho de preparação para este momento destacou uma Igreja “com deficit de escuta” inclusive para com os jovens, que muitas vezes se sentem incompreendidos pela Igreja na sua originalidade e, por conseguinte, não aceites pelo que são verdadeiramente e, às vezes, até rejeitados», apontou o Papa. Assim, é preciso deixar preconceitos e estereótipos, sobretudo na relação entre gerações. Bem como superar o flagelo do clericalismo e curar o vírus da auto-suficiência e das conclusões precipitadas de muitos jovens.
O Papa Francisco terminou o seu discurso convidando a despertar corações e a reencontrar as razões da nossa esperança para as transmitir aos jovens: «Esforcemo-nos, pois, por procurar «frequentar o futuro» e por fazer sair deste Sínodo não só um documento – que geralmente é lido por poucos e criticado por muitos – mas sobretudo propósitos pastorais concretos, capazes de realizar a tarefa do próprio Sínodo, que é fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões, fazer florescer a esperança, estimular confiança, faixar feridas, entrançar relações, ressuscitar uma aurora de esperança, aprender um do outro, e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações, restitua força às mãos e inspire aos jovens – a todos os jovens, sem excluir nenhum – a visão dum futuro repleto da alegria do Evangelho.
Aguardamos expectantes, os resultados diários das questões abordadas!
Para saber mais…
Missa de abertura do Sínodo: homilia do Papa Francisco
Discurso de abertura e oração inicial do Sínodo